Sabe quando você está afim de projeto fácil e rápido pra ter um traje setecentista novo? Eu estava afim de algo assim e resolvi fazer um jumps pra compor com outras peças que eu já tinha aqui no meu acervo. Vou compartilhar aqui o processo com vocês:
O que são jumps
Os jumps são uma espécie de colete feminino usados no século XVIII. Proporcionavam um leve suporte ao tronco de forma mais confortável que os stays e também aqueciam a mulher. Apesar de serem peças comumente usadas por baixo de outras roupas também era possível encontrar mulheres usando jumps por cima da chemise sem outra peça por cima, em ambientes mais casuais. Para as que precisavam de mobilidade para trabalhar e fazer tarefas do dia a dia usar jumps eram uma ótima opção.
O nível de decoração e materiais utilizados variava bastante, encontramos peças bordadas e em seda e também outras sem nenhum tipo de enfeite. Na segunda metade do século XVIII o algodão estampado torna-se popular. Tendo menos barbatanas que os stays, era importante que os tecidos fossem mais rígidos e encontramos vários exemplos que são acolchoadas e com costuras decorativas.
Modelo:
Para o meu, eu buscava principalmente algo que fosse florido e tivesse fitas na frente por motivos de...laços, eu queria vários laços. Acabei encontrando algumas referências em museus que tinham as características que eu buscava e a partir disso desenhei meu modelo.
Molde e corte:
O molde não poderia ser mais simples, já que os jumps não tinham muitos recortes. O que marca a modelagem desse tipo de peça no século XVIII é a costura do ombro deslocada para a parte das costas e as abas para acomodar o volume dos quadris. A frente é feita em um painel inteiriço e as costas divididas em 4 partes.
Costura e acabamentos:
A intenção inicial era colocar manta acrílica entre as camadas externas e de forro mas achei que acabou ficando volumoso demais, então desisti da ideia. Pra manter a peça estruturada optei por colocar barbatanas no forro. Talvez não a opção mais historicamente correta, mas era funcional.
Para a parte externa escolhi um brim estampado num padrão de floral médio, que remete às estampas da época. O forro dificilmente seria feito em um tecido com brilho mas escolhi assim para aproveitar um corte que eu já tinha aqui em casa. Pelo que vi em exemplos de museus fitas e decorações em tons contrastantes com o tecido era um detalhe que agregava um certo charme.
Ele foi inteiramente costurado à máquina, o que novamente é uma escolha anacrônica mas ia de encontro com o que eu queria, um projeto rápido de fim de semana. Costurar o viés em partes tão curvas à máquina pode ser complicado, mas um pouco de paciência resolveu.
Eu gostei de como ficou! Talvez numa segunda tentativa faria a peça com materiais mais historicamente corretos, mas do jeito que está acho que ficou bom para ensaios ou eventos mais casuais. O bacana desse tipo de peça é poder recombinar com outras peças e assim consigo construir um guarda-roupa histórico versátil, que me permita ter vários visuais diferentes.
Com o projeto do Traje Brasilis vocês vão ver mais do século XVIII por aqui, fiquem atentos! Tenho gostado bastante de explorar esse período.
Sintam-se a vontade pra sugerir outros temas para posts futuro e nos vemos na próxima!
Principais referências:
Angela Clayton - Making 18th century jumps
Couture Mayah - A pair of jumos and petticoat